Pesquisar este blog

2010!

2010!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

ter com quem compartilhar. ( amizade )

um ano depois da morte de papai me mudei aqui pra paraiba do sul, bairro liberdade pra ser mais exata. continuei trabalhando no rio de janeiro, e, vindo pra casa nas sextas feiras, as vezes quando eu passava na rua tinha um senhorzinho que ficava sempre me olhando mas nunca dizia nada, e assim foi durante um certo tempo, se eu ia na padaria la estava o senhor me olhando, se eu ia no mercado la estava ele. poderia dizer que ele estava me paquerando mas não era verdade, pois uma vez olhei bem no rosto dele e não vi nenhuma má intenção, por tanto me comer ele não queria, este senhor tinha um bar la na rua principal, não era grande coisa mas ele estava sempre por la, no começo os olhares dele até que me incomodaram mas depois de um tempo eu já nem ligava mais, desta forma numa sexta la vem eu chegando do rio de janeiro, meu namorado ( atual marido ) me diz cristiane, vamos tomar uma cerveja la pelo bairro mesmo? --- tá, tudo bem ---, olha me diz ele --- vamos la no bar do seu "cornel" --- chegamos sentamos eles já se conhecem --- seu cornel, me tras uma cerveja bem gelada, por favor! --- ele tras --- meu namorado diz --- e, ai seu cornel gostou da minha namorada? bonita ela, né não? --- senhor cornel apenas sorri, concordando --- percebo que o bar é pobre não tem quase nada, nas prateleiras, poucas garrafas de bebidas, o freezer então só tinha umas dez cervejas, coisa que pra mim e meu namorado era fichinha, ficamos por ali bebendo e jogando conversa fora --- vem, seu cornel senta aqui com a gente --- chama meu namorado --- ele aceita o convite, ele não bebe apenas conversa conosco --- pergunto pra ele o porque de o bar ser tão vazio e, porque ele não coloca mais bebidas, biscoitos, balas, cervejas ali já que o ponto dele é muito bom, imagina na beira da rua principal --- a resposta dele me comove ---  me diz ele --- minha filha isso aqui é só pra eu passar o tempo, já sou aposentado, ver a molecada passando, trocar idéias com a juventude, fico aqui só olhando o movimento da rua ---. mas o senhor poderia ficar em casa, com sua esposa, o senhor tem esposa, não tem? --- sim eu tenho, tenho filhos e filhas, netos já estou com setenta e poucos anos, mas eu gosto mesmo é de ficar aqui, eu me distraio mais e, depois em casa ninguém quer conversar, ninguém tem tempo pra nada, a molecada da rua me dá mais atenção do que os meus meninos --- fiquei triste, não quero envelhecer assim mas pra arrematar ele me pergunta --- me diz uma coisa é verdade que voce é filha do joão bispo? --- abri um sorriso --- é verdade sim, porque? --- seu pai foi um grande amigo meu desde a meninice, na juventude antes dele ir pro rio de janeiro, nós trabalhamos juntos la na ceramica, eu conheço sua familia desde que eles vieram la de matias barbosa pra cá ( m-g ) --- agora entendi os olhares, apesar de ser mulher me pareço muito com meu pai --- ai ele arrasou comigo --- sabe minha filha quando a gente envelhece é estranho ver os amigos da gente indo embora, morrendo, me sinto muito só sem referencias da juventude, sem alguém que tenha vivido as mesmas coisas que a gente, é muito dificil, por isso abri isso aqui, só pra eu ficar aqui o dia e a metade do noite, a meninada me respeita, eu conto piadas, "causos" eles ficam rindo eu ouço as coisas deles também e, nós vamos levando, quando eu soube que seu pai morreu fiquei muito triste, ele um dos ultimos amigos meus que ainda estão vivos,ainda tem uns por ai mas da juventude só ele, já fazia um bom tempo que a gente não se via mas, eu sabia que ele estava "lá "é minha filha é fogo, a velhice não é mole não ---. pra mim foi um momento de poesia, não disse mais nada, ficamos ali papiando e, tomando cerveja, depois disso quase toda sexta feira nós eu e, meu namorado sempre iamos ao bar do senhor cornel tomar cervejas e ouvir as histórias que ele contava sobre a juventude dele e de papai, as caçadas, as paqueras, os bailes, eu saia de lá muito feliz. já faz uns anos que o senhor cornel morreu, mas eu sei que nunca vou me esquecer do olhar daquele senhor que ao me ver se lembrava de meu pai.

Nenhum comentário: