domingo, 23 de agosto de 2009
---cristiane, eduardo! vem cá! --- gritou nossa mãe --- vem, disse eu pro meu irmão, vamos "ela" tá chamando --- caminhamos pra porta de entrada pois estavamos brincando no quintal, tinha-mos chegado da praia mas não nos atrevemos á entrar no barraco, sabiamos só pelo cheiro que elas estavam fumando maconha, e quando isso ocorria ficavamos de fora, embora eu gostasse muito do cheiro, mas agora ela estava chamando, geralmente quando isso ocorria era motivo de panico, mas agora não, a voz dela estava calma, tranquila, e havia risos dentro do barraco,dando a mão pro meu irmão caminhamos e paramos na porta, logo de frente estavam minha mãe e uma amiga dela que eu não reconheci de imediato ---.minha mãe disse --- olha pra eles, agora me diz, são essas as crianças que voce dava comida la onde voce trabalhava? --- a amiga de minha mãe nos olhou e disse --- é, é eles mesmos! caramba! de onde voce "conhece eles?" ---- são meus filhos ---.apesar de ser criança fiquei chocada com o estado daquela mulher, agora olhando bem pra ela, eu á reconheci,sorrindo pra ela dissemos em conjunto oi! --- nos retiramos ainda deu pra ouvir ela dizer pra minha mãe --- engraçado eu nunca poderia imaginar que estas crianças fossem seus filhos, quando me mandaram embora la do restaurante eu me preocupei muito com eles, fiquei pensando no que seria deles agora? já que eu não estaria la mais pra poder dar as sobras quando eles aparecessem por lá ---.o restaurante se chamava lazanha verde, ficava la no bairro do leblon, na rua dias ferreira, descobrimos o lugar muito por acaso, depois de perambular pelas ruas em busca de alimentos e, de não ter-mos conseguido nada fomos caminhando pelas ruas transversais.já estavamos cansados de tanto andar sem nada ter-mos conseguido quando já no final da dias ferreira, nos deparamos com o lugar, era pequeno um balcão poucas mesas, uma atendente, uma moça bonita, morena olhos claros, cabelos encarocolados, magrinha, mas com uma cara de gente boa,ficamos com medo de nos aproximarmos, já haviamos sidos enchotados de varios lugares, mas... a fome era grande, arriscamos --- moça voce não tem sobra de alguma coisa? qualquer coisa a gente tá com fome --- ela nos olhou, uma olhar carinhoso, fraterno ---, e, disse espera ai ---, sumiu lá pra dentro e, quando voltou, veio trazendo um balde destes de manteiga, cheio de comida, comida que nós, não viamos já tinha dias, comida cheirosa, limpinha, uma delicia --- nos entregou o balde dizendo --- sempre que voces quiserem podem vim aqui, que sempre tem sobras, agora se voces chegarem aqui e, tiver um homem, branco careca, alto e barrigudo, não digam nada passa direto, ele não gosta de dar as sobras e, não vai dar pra voces, ta bom?! e, outra coisa não traz mais gente não, vem só voces dois ---. assim foi, mas nós eu e meu irmão somente iamos lá apenas em ultimo caso, só quando a xepa não era boa, quando nada dava certo, ai sim corriamos la pra dias ferreira. e, nunca contamos nada pra nenhum de nossos amigo, além do mais todos tinham seus lugares secretos, todos tinham seus pontos de xepas em que só poderiam ir, duas ou tres pessoas --- permanassemos com nosso segredo ---- mas de repente ela sumiu, passamos por la numa manhã e, ela não estava, e agora? voltamos na manhã seguinte e, nada nossa bem feitora não estava na manhã seguinte resolvi perguntar por ela agora era um rapaz que estava no balcão me disse ele --- ela não trabalha mais aqui --- olhei pra meu irmão ficamos triste, fomos embora nunca mais voltamos ainda me pus á pensar no que teria acontecido com ela --- mas.... crianças sabe como é esquecemos o fato e, agora ela estava ali bem na nossa frente --- magra, cabelos cortados, sem dentes, os poucos que tinha estavam estragados, roupas envelhecidas, e um sorriso triste, e ainda por cima era amiga de nossa mãe ----me senti infeliz, nunca a esqueci, de vez em quando ainda me lembro dela --- gostaria de ter perguntado pra ela --- e, ai? o que aconteceu? porque voce esta assim? o que houve? --- mas não tive coragem agora já adulta rogo pra que ela tenha superado as dificuldades que a vida nos traz e que esteja bem... pra moça do balcão o meu muito obrigado. o restaurante faliu a alguns anos. apesar de a moça do balcão na época morar no vidigal, eu nunca soube o nome dela, e nunca mais nós a vimos.
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