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2010!

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domingo, 15 de julho de 2012

Seis meses...
Tenho uma amiga que mora em São Paulo, ela é do interior de Uberaba, imagina. Uberaba já é interior. Agora como a conheci é que é legal, nos conhecemos no trabalho, no Rio de Janeiro, pois é, uma mineira do interior de Uberaba que vive em são paulo, mas trabalha no Rio de Janeiro. Explico. Minha amiga, Neiva, é baba ou era, as crianças já cresceram. Em certa casa no Rio, a história de vida dela é um pouco parecida com a minha, infância pobre, violência, fome,adolescência idem, tirando a parte do casamento, também ruim, temos muito em comum. Pois bem, nos conhecemos na casa em que eu era cozinheira, numa tarde em que os patrões saíram com as crianças sem ela, nos pomos a conversar na mesa da copa, papo vai, papo vem, perguntei a ela o porquê do sotaque dela ser diferente já que ela é  cidade de S-P, ai ela me conta de onde ela vem, e o porque de estar no Rio de Janeiro. Segundo ela; --- sai de Uberaba porque não aguentava mais, não dava, sempre tive uma vida ruim, minha mãe morreu cedo, meu pai alcoólatra se casou de novo, é claro que a mulher dele não nos queria, éramos cinco filhos, a mais nova era eu, passei um inferno nas mãos dela, fome, espancamentos, xingamentos, essas coisas ai, me casei cedo achando que as coisas iam mudar... Quer saber? Me ferrei, meu ex-marido era uma desgraça, a única coisa boa nisso tudo é meu filho, então arrumei um trabalho, numa casa, lá mesmo em Uberaba, ganhava pouco, porque essa pessoas só sabem nos explorar, mas fui juntando um dinheiro, tinha uma prima já em São Paulo, então quando já tinha duas passagens, e um pouco á mais pra manter á mim e ao meu filho parti. Não dei nem tchau, meu marido saiu pra trabalhar, juntei uns poucos pertences, meu filho e sumi no mundo, depois dei noticias pra minha irmã e só. Mas o pior foi quando cheguei em São Paulo, quase voltei pra trás, nada dava certo, não conseguia trabalho, descobri que minha prima estava mais pobre do que antes em Uberaba, com meu filho ainda pequeno, entrei em desespero. Numa manhã parti pro centro de São Paulo, ali, na praça da Sé, tinha a dica de um trabalho, por sorte terminei o segundo grau, então achei que não seria difícil, me enganei, mas fui, três meses depois eu estava em desespero completo, sem dinheiro, sem casa pra morar, sem nada, as vezes eu lavava umas roupas pras conhecidas da minha prima, lá no bairro mesmo, algumas me pagavam com comida, pra mim e meu filho. Pois bem, fui em uma agencia de empregos no centro da cidade, não deu outra cheguei lá não tinha mais vaga, comecei a chorar, me sentei num banco da praça e comecei a chorar desesperada, sem saber o que fazer da vida, já que agora nem dinheiro eu tinha pra voltar pra casa, mas e que casa? Como deixei meu marido, é claro que ele não me aceitaria de volta, então estou lá, sentada e chorando um senhor me viu, veio, sentou-se ao meu lado, fiquei com medo, cidade grande, a gente ouve cada coisa pelo rádio e vê na teve, que dá medo, mas ele se sentou, perguntou o tinha acontecido comigo, contei tudo pra ele, desabafei mesmo, ele me ouviu com toda atenção do mundo, disse que não podia fazer muita coisa por mim, que já era aposentado, e que também tinha vindo de longe pra aquela cidade, mas me deu um conselho, disse ele; Você tem seis meses pra conquistar, ganhar essa cidade, se em seis meses você não tiver conseguido, trabalho, casa, e amigos, vá embora, volte pra sua cidade, a cidade não quer você, então não adiante insistir,   por isso a gente vê tantas pessoas nas ruas, saem de suas cidades, vem pra cá, não conseguem nada, vão ficando, e quando se dão conta, o tempo passou e não conseguiram nada! Ai, passam a viver nas ruas, se você não conseguir conquistar essa cidade em seis meses volte pra sua terra, pra sua casa, é isso que posso lhe dizer, a quanto tempo você já está aqui? --- Três meses, eu e meu filho de dez anos ---. Então ainda dá pra tentar mais um pouco, hoje você saiu e não deu em nada, vá pra onde você dorme, descanse, pense diferente, faça diferente, procure algo diferente, não fique somente com um pensamento, busque aquilo que ninguém quer, não olhe apenas para uma direção, essa cidade é grande, tem tanta coisa não insista numa só. --- segundo minha amiga, eles conversaram por mais alguns minutos depois, com ela já mais calma ele foi embora, desejou a ela um bom dia e se foi. --- Mas não me esqueci das palavras dele, seis meses, depois disso... Voltei pro quartinho imundo em que eu estava, fiz o que disse dormi, dormi direto, acordei pela manhã, levei meu filho pra escola, comprei um jornal, fui direto pra sessão de empregos, e lá estava agencia contrata babas, parti, rumo ao endereço, somente com o dinheiro da passagem. Não era o que eu queria, mas fazer o que? Cheguei, com meus documentos, fiz a entrevista, eles me encaminharam pro escritório do Doutor, e... Aqui estou eu! Dois anos e meio depois, comecei como folguista, agora sou a titular, eles, como você sabe já estão no segundo filho, as crianças me adoram, ganho bem, comprei um terreno na Zona leste da cidade, é distante, mas é meu, construí um sobrado pra mim e meu filho, tenho de tudo dentro de casa, meu filho assim que terminar o segundo grau vai fazer uma faculdade tenho fé em DEUS, e eu estou bem, viajo com os patrões pra todo lado, quando saio de folga o motorista me lava em casa, vou no carro do patrão, aliás, vou e volto na segunda feira, sabe qual era meu problema Cristiane? Como eu tenho o segundo grau sismei em ser balconista, atendente, qualquer coisa nessa área, achava que era o top, e como comercio é o que não falta em São Paulo, achei que era somente chegar, me apresentar e pronto, eu estaria trabalhando, me enganei. Sabe de uma coisa? Nunca mais me esqueci dele e daquele conselho, "seis meses pra conquistar uma cidade, seis meses pra se conseguir o que se quer, senão der, depois disso...  
Me lembrei de Neiva porque estou vivenciando algo parecido com uma pessoa, praticamente um ano depois e a pessoa nada! Nunca vi alguém dar tantas voltas, dar tanto murro em ponta de faca como tenho visto, a pessoa não deslancha, não vai á frente, tudo o que consegue dá errado, ou sai errado, ainda não sei onde está o erro, não sei se a pessoa em questão está pensando e agindo errado, sei que tenho tido muita vontade de lhe falar sobre este episodio, mas não acho que esta pessoa vá entender, acho que talvez ela deva mudar a abordagem, acredito que ela deva mudar os pensamentos ou então, partir para algo novo, diferente sei lá... Mas seis meses já se passaram. 

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá! quanto tempo, nem me contou do blog, vc é show.bjs