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2010!

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domingo, 4 de dezembro de 2011

ABANDONO.

--- Crianças acordem, já passa das quatro horas da manhã. Andem! Senão vão perder o dia e vão acabar com fome.--- Ainda sonolentos saímos da cama, com sono e frio, sem lavarmos o rosto, ou mesmo pentearmos os cabelos, do jeito que estávamos, calçamos nossos chinelos, saindo em seguida. Não queríamos, mas senão fossemos ficaríamos com fome sem termos o que comer por dias ou, até mesmo por semanas. Então meu irmão e eu, saímos, morro á baixo, descemos rumo ao asfalto. Percorrer as padarias da zona sul. Em busca de sobras, pães, bolos, doces, salgadinhos, e o que mais viesse. E"ela" é nossa mãe. quando saímos ela permanece na cama, voltando a dormir. De nossas andanças pelas ruas da zona sul, muitas vezes voltávamos de mãos vazias. Quando isso acontecia a fome era certa, por dias, sem falar nos xingamentos que nossa mãe nos dirigia. "incompetentes, inúteis, vocês não servem para nada! Vão ficar com fome, ah quer saber? Danem-se!
--- dizendo estas palavras, nossa mãe, já toda arrumada saia, deixando-nos a sós. Trancados no barraco, com fome, frio e sede, sede porque a água que tínhamos para beber, ficava armazenada em uma lata de dezoito litros, que com o passar dos dias, seguia-se enferrujando.Em minha inocência de criança jamais, em momento algum, poderia imaginar que aquela água poderia nos causar algum dano. (trecho do livro ABANDONO)

Um comentário:

Leila Onofre disse...

Acho que vou gostar de ler seu livro por inteiro. Me interesso muito por historias reais e de como o mundo nos ensina. E quando sobrevivemos para contar nossa historia, passamos a ser herois da nossa propria realidade. Bravo!