EXAUSTÃO...
Amo meus filhos, são minha vida. Muitas vezes, paro e faço um retrospecto, me pego imaginando o que eu fazia da vida antes deles... Então, sinto um vazio tremendo, percebo que não há nada, não havia nada e eu, não era nada, mas... Minha filha, de sete anos, me exauri, ela me tira as forças, a paciência, a calma e, tudo o mais que se possa imaginar.Pensando que ela tem apenas sete anos, não consigo imaginar aonde isso vai parar... Vejamos, se estamos brincando, sim, eu brinco com meus filho! Se estamos brincando, a brincadeira não pode parar, se não quero mais, ela chora, se faz de vitima, fica emburrada, ela faz balé, por tabela tenho que fazer também, em casa, na sala, ela faz os movimentos e sou obrigada á repeti-los, ai de mim, se não o fizer. Não terei sossego. Aos 42 anos, com o corpo todo doido, alguns movimentos são impossíveis de serem executados por mim, mas ela não quer saber. As vezes brincamos de cantar, coitada de mim, se disser que estou cansada! Se estamos assistindo á um desenho animado e, este é do gosto dela, somos todos, obrigados á assistir o mesmo DVD até não querermos mais, sai até briga. Se tem algo de bom na geladeira, o que é quase sempre, ela tem que comer até não suportar mais, caso contrário sai briga, ela nunca dorme, nunca dormiu, e agora as coisas estão se complicando, muitas vezes ela fica na sala até as três e meia da madrugada e não adianta dizer que a culpa é minha. Desde bebê, sempre foi assim, trocava a noite pelo dia. Se ponho na casa, ela canta, dança, pula, brinca ri... E eu, ali, cansada, acabo por me levantar, fazer o que? Também não gosto muito do dia. Mas a coisa está indo looooonge, já tem sete anos que não vou á um salão de beleza, fazer as unhas? Nem pensar! Fazer os cabelos, me sentar no salão, lavar, pintar, pentear os cabelos ? Sonho meu!Com ela ao lado, não dá! Faço tudo em casa mesmo, as pressas, como se o "próprio" estivesse em meus calcanhares. Um sonho de consumo? Um banho, lento, demorado, depois passar hidratante, calma e lentamente, talvez quando ela tiver vinte anos, quem sabe? Sentar no trono, calmamente? Não! A todo instante lá vem ela... Mãe? Mãe? Cadê você? Pra piorar, eu sofro de prisão de ventre... Em compensação, ela é extremamente carinhosa, é tanto amor, mas não pode parar, beijos e abraços, carinho no rosto, mãos dadas, estamos sempre juntas, penteamos os cabelos uma da outra, conversamos, serio! Chegamos a trocar ideias, consigo perceber o quanto esta geração é inteligente, ela sabe tirar fotos, aliás, fotografa melhor do que muito adulto que conheço, sabe configurar um celular, eu não sei. Um aparelho de dvd pra ela não tem mistério, um controle remoto, em que alguém da minha faixa de idade, iria ficar horas tentando entender, ela destrincha em poucos segundos, e é claro, se apoderar dele. Trás-me flores quando vem da escola, sabe falar muito bem, as vezes sai bobagens, mas não posso me esquecer, ela tem apenas sete anos. Assim, dividimos um sorvete, passamos as tardes na lanchonete, ela no pula-pula, só sairá dali, quando estiver morta de cansada. Ela gosta de pentear os cabelos das bonecas, passar-lhes cremes, trocar-lhes as roupas, é lógico, tudo com minha presença ao lado. Fala rápido, grita o tempo todo, faz carinho em nossa cadelinha, ama, briga, com a mesma constância. Tem verdadeira adoração por seu irmão mais velho,gosta de estudar, é boa em matemática, pra meu espanto, não gosta ler, igual ao pai, pra minha tristeza. Passados sete anos, ainda tento digerir tudo isso, as vezes considero ser este momento da minha vida, muita informação, para uma pessoa como eu, que é do século passado... Para ilustrar; estou na area de serviço, á bem da verdade, já acabei de botar as roupas na corda, estou ali, parada, no parapeito da varanda, admirando o nada, minha pequena está na sala, assistindo á um desenho. Eis que de repente, ouço um chamado.
Mãeeeeeeee!
Mãeeeeeeee!
Mãeeeeeeee! Cadê você?
Cadê você?
--- respiro fundo e, respondo.
--- estou aqui, lavando roupas! Porque? O que aconteceu?
--- ela responde.
--- não é nada, é só pra saber se você está ai.
--- ainda consigo pensar.
--- sim minha filha, enquanto Deus permitir, estarei aqui, sempre aqui.
Estou exausta.
Um comentário:
Uma filha que te faz esquecer o que foi abandono...Mas, mesmo assim, tenho certeza que você merece ir fazer as unhas... Curti muito seu relato. Um beijo grande..
Leila Onofre
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